O charme dos Espumantes
Espumante é um tipo de vinho que tem nível significativo de dióxido de carbono, fazendo-o borbulhar quando servido. O Dióxido de carbono resulta de fermentação natural, seja ela feita dentro da garrafa ou fora dela. As borbulhas de CO₂ que se formam durante o serviço são denominadas perlage. Em alguns lugares do mundo a palavra champagne é usada como sinônimo de espumante, o que é vedado inclusive por algumas legislações.
Qual a primeira imagem que vem à cabeça com o espumante? … Paixão, vitória, comemoração, festa, casamento, celebração, Fórmula 1, batizado de navio… Além do efeito da bebida, a forma da rolha e a espuma ao abrir a garrafa levam a associações picantes, principalmente em filmes. Isso se iniciou nas festas na corte de Filipe de Orléans, regente da França de 1715 até 1723, durante a menoridade de Luís XV, em jogos de molhar as damas com champanhe. Como o champanhe teve preço proibitivo por muitos anos, seu consumo ficou associado ao luxo e à riqueza. Hoje, temos a sorte de poder desfrutar de espumantes de ótima qualidade.
Muitos personagens marcantes da história provaram ao longo dos anos a sua paixão por essa bebida: Dom Perignón, Coco Chanel, Napoleão Bonaparte e Oscar Wilde foram algumas das pessoas que fizeram questão de deixar registrado, junto ao seu legado, o quão aficionados eram por uma boa garrafa de espumante. Agora, você já parou para pensar em qual será o segredo do sucesso de uma bebida tão saborosa e especial, ao ponto de se tornar a marca principal de celebrações, vitórias e de acontecimentos importantes na vida de tantas pessoas? Essa bebida tão tradicional, que se difere dos vinhos padrão praticamente por possuir uma fermentação extra, tem seu espaço garantido em diversos momentos e encanta quem a experimenta.
O espumante ideal vai depender da ocasião em que ele será utilizado, não necessariamente do seu processo de fabricação. Apesar da valorização das bebidas feitas por meio do método tradicional, não é correto desvalorizar os bons produtos feitos da maneira Charmat. Definir onde o espumante será consumido e quanto você está disposto a investir na sua compra também definirá qual será a sua aquisição. Se o momento pede algo mais complexo e elegante, opte por Champenoise. Se for possível optar por algo mais leve ou refrescante, sua opção pode ser um bom Charmat.
As Uvas
A branca Chardonnay e a tinta Pinot Noir são a base dos vinhos espumantes em quase todas as regiões produtoras. Em Champanhe, além delas, há a Pinot Meunier. Nas cavas, é a Chardonnay com as variedades autóctones, como Xarel.lo, Parellada e Macabeo; no Brasil, a Riesling Itálico forma o trio, com a Chardonnay e a Pinot Noir.
As casas de espumantes têm estoques de vinhos de vários anos, com cada uva fermentada separadamente. Ao preparar o espumante para a segunda fermentação, o enólogo faz a assemblage (mistura) desses vinhos distintos, formando, assim, o vinho-base, que segue para segunda fermentação, em tanques ou garrafas.
Tipos de Espumantes
- Blanc de Blancs: Indica que a bebida foi elaborada apenas com uvas brancas, onde a Chardonnay domina.
- Blanc de Noir: Indica o espumante elaborado apenas com variedades tintas, como a Pinot Noir.
- Brut: Indica um grau de doçura entre 6 a 15 gramas de açúcar residual por litro. O seu sabor é mais intenso.
- Cava: Espumantes espanhóis, elaborados pelo método clássico.
- Champanhe: Todo champanhe é um espumante, mas nem todo espumante é um champanhe. Apenas os espumantes elaborados na região de Champanhe podem ser assim chamados. Deve ser feito pelo método champenoise, com as uvas Chardonnay, Pinot Noir ou Pinot Meunier. O champanhe – a bebida e A Champanhe – a região.
- Crémant: Espumantes franceses, elaborados pelo método tradicional, fora da região de Champanhe. Podem utilizar outras uvas, como a Pinot Gris, Riesling, Mauzac, Sémillon, etc.
- Cuvée: Originalmente, o termo refere-se ao vinho de um único recipiente, ou cuvée. Hoje, o termo refere-se a um assemblage específico, ou a um produto (Champanhe) que pode ser a mistura de vários recipientes, ou vários cuvées.
- Demi-sec: Indica um grau de doçura entre 33 a 50 gramas de açúcar residual por litro. São os mais adocicados.
- Frisantes: Podem ser doces ou secos e geralmente são mais leves e suaves do que os espumantes, pois possuem, literalmente, menos bolhas (perlage). Os vinhos frisantes não passam por uma segunda fermentação, sem vinho-base, sem licor de tiragem e sem licor de expedição. O método de obtenção das bolhas pode ser tanto natural como artificial. São menos gaseificados, tendo, via de regra, metade do gás carbônico dos espumantes. Sua pressão também é menor.
- Moscatel: O espumante Moscatel é elaborado pelo processo Asti exclusivamente com uvas Moscato, cuja casca pode ser branca, rosada ou tinta. São muito doces, aromáticos e com menor volume de gás.
- Perlant: Espumantes que contêm mais de um grama de dióxido de carbono por litro de vinho.
- Pétillant: Espumantes com maior teor de dióxido de carbono dos Perlant e por esse motivo mantêm durante mais tempo na boca a sensação de “agulhamento” proporcionada pela presença de gases dissolvidos. São, geralmente, gaseificados artificialmente.
- Prosecco: Espumante elaborado na região do Vêneto, na Itália, pelo método Charmat, e com a uva Glera (antes chamada de Prosecco).
- Rosé: Nos champanhes, é acrescentado um vinho tinto tranquilo local ao blend, antes da segunda fermentação. Nas demais regiões, rosés são elaborados a partir de uma uva tinta, na qual a primeira fermentação começa em contato com as cascas (onde está a cor). Depois, a casca é retirada e a fermentação segue como um vinho branco.
- Vintage: Também safrado ou millésime, é quando o espumante é elaborado apenas com uvas da safra de um único ano que teve uma colheita excepcional. Normalmente, pode ser armazenado por oito a 10 anos da data da colheita.
Métodos de fermentação
- Champenoise, Método Tradicional ou Clássico: Neste processo, o vinho passa por duas fermentações: a primeira em um tanque, que pode ser de concreto, aço inoxidável ou madeira. Após, o vinho resultante da primeira fermentação, chamado de “vinho-base” é engarrafado e acrescenta-se as leveduras para que a segunda fermentação aconteça nas garrafas, por aproximadamente dois meses. A segunda fermentação também é conhecida como tomada de espuma, afinal, é nesse momento em que o vinho adquire o gás carbônico.
- Charmat: Método para produzir espumantes criados por Auguste Charmat, a segunda fermentação ocorre em grandes tanques fechados de aço inox. É uma fermentação mais rápida. Ao final, o espumante pronto é transferido sob pressão para o setor de engarrafamento. Então é adicionado o licor de expedição e a garrafa é fechada com rolha e gaiola.
- Asti: Processo de elaboração de espumante que consiste em fazer apenas uma fermentação diretamente do mosto da uva, ao contrário de um espumante natural, que passa por duas fermentações – primeiro o vinho e depois o espumante. São utilizadas apenas uvas Moscato.
Curiosidades
- Dégorgement: Processo de retirada da levedura da garrafa. As garrafas, até então fechadas com tampinhas de alumínio, são colocadas de ponta-cabeça a baixas temperaturas, o que congela as leveduras, que são retiradas. Ao mesmo tempo, o licor de expedição é acrescentado.
- Engarrafamento: No método clássico, depois do dégorgement, a rolha de cortiça e a gaiola de arame são colocadas. No charmat, o engarrafamento ocorre sob pressão (para não perder as borbulhas) e a baixas temperaturas.
- Flûte ou flauta: Taça de forma alongada, sustentada por um longo pé. Além de mais elegante, permite que apreciemos melhor a perlage, o cordão de pérolas de bolhinhas, através de sua concentração, nos permitindo perceber melhor a liberação dos aromas.
- Guarda: Está aumentando o tempo em que os espumantes especiais ficam armazenados, nas vinícolas, em contato com as leveduras. Quanto mais meses a bebida ficar em contato com as leveduras, maior tende a ser a sua complexidade. Nas adegas residenciais, a regra de guarda é outra: espumantes não safrados devem ser consumidos rapidamente. Os vintages envelhecem bem, em geral, por mais de 10 anos, se bem armazenados.
- Perlage: São as borbulhas do espumante. Quanto menores, mais abundantes e mais integradas ao líquido, tende a ser melhor a qualidade da bebida. Colar de pérolas. Borbulhas.
- Temperatura: Os espumantes devem ser servidos entre 5ºC e 7ºC, no caso dos non vintage, e podem ter temperatura um pouco mais alta, como 6ºC e 8ºC, para os vintage.
- Tamanho das garrafas: Balthazar, Demi, Double Magnum, Fillette, Golias, Primat, Imperial, Jeroboão, Magnum, Matusalém, Meia garrafa, Melquior, Melquisedeque, Metade, Midas, Nabucodonosor, Padrão, Parmount, Piccolo, Pony, Roboão, Salmanasar, Salomão, Sovereign ou Split.